sábado, 21 de abril de 2007

Quem é apaixonado, marcha... Quem ama, caminha...

Quem é apaixonado, marcha... Quem ama, caminha...

Há tempos pretendia escrever sobre a tal "Marcha Para Jesus". Na verdade, desde o ano passado, mas acabei perdendo o "tempo", a marcha se foi... e esse ano voltou, como todo ano volta. E cá estou eu, finalmente escrevendo sobre o "grande evento gospel" do Brasil (sei que a marcha acontece em outros países, mas quero falar de nós, brasileiros).

Fiquei pensando nas grandes mudanças ocorridas nesse intervalo de um ano entre uma marcha e outra. Sim, a "Marcha Para Jesus" é um "ato profético". Pelo menos foi o que ouvi de um auto-denominado "apóstolo", marido da "bispa" que é um dos promoters da grande manifestação gospel de nossa igreja genuinamente brasileira. Deve ter mudado alguma coisa, ou então essa profecia é meio estranha. Pelo tempo que a marcha acontece (13 anos) alguma coisa deve ter mudado, e para melhor. Ou não mudou?

O ato profético ao qual a marcha se agarra é o de que "todo lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo tenho dado..." (Josué 1.3). Pelo menos isto foi o que ouvi do tal "apóstolo" num debate em uma rádio gospel.

A Marcha Para Jesus é o ponto de encontro dessa geração apaixonada. Vi na Tv a empolgação da grande massa que dançava freneticamente ao som eletrizante dos trios que me fizeram lembrar os trios da Bahia em época de carnaval. Muita dança, muita festa, pouco conteúdo! O grande problema é que gente apaixonada marcha, grita, canta e dança... mas só ENQUANTO está apaixonada. Mas fica a pergunta: e quando a paixão acabar? Sim, paixão é coisa que acaba um dia. Por mais que digam o contrário.

Sinceramente não tenho nada CONTRA a Marcha Para Jesus. Só a considero infantil. Coisa de criança. E em São Paulo toma ares de disputa com a Parada do Orgulho Gay. Quem tem a maior multidão? Quem consegue levar mais gente pra dançar atrás do trio? E aí, segundo a lógica dos organizadores se a MPJ tiver mais gente, é sinal que o nosso exército é maior que o do inimigo. Ô turma pra gostar de números... não é à toa que nossas estatísticas evangélicas costumam ser mentirosas. Mentimos vergonhosamente nos números de membros de nossas igrejas.

Voltando ao "ato profético". O que a marcha profetizava? O que ela simbolizava? O domínio do território onde os pés "santos" pisaram? Não creio, pois menos de uma semana depois os homossexuais conseguiram colocar mais gente em sua "Parada do Orgulho(?) Gay". Significava o senhorio de Cristo sobre o Brasil? Sinceramente não creio nesse senhorio "abracadabra", onde bastam as palavras mágicas (aqui no caso o chavão "O Brasil é do Senhor Jesus") e num passe de mágica o Brasil inteiro se converteria... bobagem... infantilidade... coisas de gente sem profundidade.

Richard Foster começa seu livro "Celebração da Disciplina" com uma frase que me marca até hoje: "A superficialidade é a maldição do nosso tempo". Concordo plenamente com ele. E eu iria mais longe. Pior do que a superficialidade é a celebração dessa superficialidade. O povo comemora o fato de não ter profundidade. Essa pra mim é a maior mensagem da Marcha Para Jesus: a celebração da superficialidade evangélica brasileira. É a "rave" dos apaixonados extravagantes, ou como diria Karl Marx, o "ópio do povo".

Mas em contrapartida ao viver raso dos apaixonados está o amor. Amor é coisa pra gente grande com alma de criança (a pureza que Cristo vê nas crianças, não a superficialidade dos infantis). Paulo parece entender isso quando em sua majestosa poesia sobre o amor, em 1 Coríntios 13: "Quando eu era menino, falava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino." O contexto é o amor. O amor nos torna gente grande, sem perder a doçura de criança.

Quem é apaixonado, marcha, grita, pula, dança... mas quem ama caminha, com vigor e serenidade, com força e sabendo ser fraco, com entusiasmo e ponderação. O amor se constrói no caminho... e não tem fim.

Quem ama não precisa marchar um dia, porque em todos os dias toma a sua cruz e segue aquele que o amou primeiro. Quem ama não precisa gritar que Jesus é Senhor do Brasil porque todos os dias fala do amor de Deus de forma tranqüila, para que, ao converterem-se as pessoas, o Brasil venha realmente a ser uma nação santa. Quem ama não precisa pular tanto porque sabe que pular muito "cansa as pernas" e difere muito de um caminhar sadio, onde as "juntas" são muito melhor aproveitadas.

Enfim, quem ama sabe que não há "ato profético" nenhum se não houverem profetas verdadeiros que estejam dispostos a, em suas atitudes, denunciarem o distanciamento do povo de Deus e anunciarem de verdade as boas-novas. Então serão, não "atos proféticos" sem eficácia alguma, mas "atos dos profetas", que por sua vida e verdade no que dizem e vivem desafiarão o povo ao maior privilégio que poderiam ter: caminhar com Jesus. E essa "Caminhada COM Jesus" só terminará na glória, quando ele, justo juiz, vier buscar os que com ele caminharam.

Quando eu era menino, marchava como menino, pulava como menino, gritava como menino, fazia coreografias como menino, mas agora que me tornei homem, descobri o quão gostoso é caminhar, em amor, com aquele que me chamou para caminhar com Ele.

José Barbosa Junior

www.pilb.t5.com.br

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