segunda-feira, 30 de julho de 2007

64º. dia antes de atravessar o Atlântico

64º. dia antes de atravessar o Atlântico

Papai dizia que seu sonho especial era aposentar-se, comprar um jipe e ver o pôr-do-sol na montanha da Meia Légua e ir dormir em Cambuí (MG). Tecia planos e planos para desfrutar disto plenamente. A época nunca chegou. Ele adoeceu, aposentou-se por invalidez e veio a falecer aos 59 anos de idade. O interessante é que meu irmão Daniel tornou-se herdeiro do mesmo sonho: ter um jipe, ver o pôr-do-sol na montanha e dormir na fazenda. Mas ele não esperou ter isso tudo para embebecer-se da beleza de um ocaso.

Ouço atualmente que Deus sonha, que os sonhos de Deus são estes, são aqueles. Escuto falarem que Deus vai dar Seus sonhos para nós. Bem, se sonho é desejo por realizar, e se Deus é soberano sobre todas as coisas, concluo que essa afirmação está errada. Deus não sonha. Deus não idealiza algo para o futuro, pois para Ele tudo é presente. Deus também não precisará lutar e tentar para conseguir; Ele pode todas as coisas. Nós sonhamos, mas Deus não. Sonhos são abstratos e, não raras vezes, inatingíveis. O grande desafio é fazer com que os nossos sonhos se adequem à vontade de Deus. Aí sim teremos a sincronia cósmica entre sonho e realidade, uma autêntica sinfonia!

Gosto da filosofia de vida que o Apóstolo Paulo assumiu para si mesmo: "vivo contente em toda e qualquer circunstância". Quisera que todos pensássemos assim! Quisera que não fôssemos os 'eternamente insatisfeitos', a clamar por coisas, objetos, situações ou sonhos, o tempo todo, nos ouvidos de Deus. Quisera que "a vontade de Deus para conosco" se cumprisse voluntariamente dentro de nós: "dar graças em tudo". Há de se buscar algo de bom na experiência que se vive. Eu acredito que o caminho dos sonhos já é uma grande realização: nós amamos e desfrutamos do processo, da conquista, da luta, do ideal.

A felicidade não está apenas em alcançar um objetivo, mas em vivenciar o processo para esse alcance. Quantos de nós não choramos, saudosos, ao lembrar-nos dos anos imorredouros do primário, ginásio, colégio, universidade? Conseguimos os diplomas, mas estes, sem aqueles, seriam apenas documentos frios e estáticos. Contudo, são preciosos, porque têm em seu bojo um cabedal de recordações preciosas. É o processo!

Viver é ter certeza de que somos temporários por aqui e que nada é nosso, tudo é emprestado. Quantas pessoas, há cem anos atrás, eram proprietárias de tanta coisa, fazendas, bens, engenhos, plantações, e hoje esse patrimônio não lhes pertence mais! A casa onde vivo era xodó do meu saudoso pai. Ele não mostrava a escritura, não dizia quanto custava, e havia lugares escondidos em seus documentos aos quais nunca tivemos acesso. Mas ele morreu e deixou tudo, e hoje somos nós que cuidamos do patrimônio que foi dele. Ele só levou sua alma, seu espírito, seus amores e a salvação imerecida, agraciada por Cristo. O resto ele deixou aqui. Se tivermos consciência de nossa temporaneidade, de nossa transitoriedade, valorizaremos muito mais as pessoas, os momentos, os instantes, as celebrações da vida.

Um pai não precisa esperar seu filho ser um exímio motorista para ser feliz; ele pode desfrutar da alegria de ensiná-lo a andar de bicicleta. Uma mãe não precisa esperar sua filha formar-se na faculdade para derramar uma lágrima ou dar-lhe um beijo afetuoso; ela pode festejar uma boa nota conquistada pela menina na sétima série. Uma igreja não precisa aguardar dez anos para celebrar o primeiro milhar de membros e dizer que está crescendo; ela pode exultar no batismo de um único indivíduo, cuja alma vale mais do que o mundo inteiro, e que também deveria valer muito para qualquer um de nós, que não contamos gente como gado, à grosso, mas como gente, um a um!

Se percebêssemos que a verdadeira felicidade não está nas coisas grandes, imensas, completas, mas nas pequenas, simples, singelas, evolutivas, seríamos pessoas muito mais felizes. Aquela rosa colocada na agenda há dez anos atrás, que a menina ganhou do seu primeiro namorado, pode valer mais que um carro zero quilômetro presenteado sem ternura e singeleza de coração. Aquele beijo romântico recebido de repente, na porteira da fazenda; aquele "Deus te abençoe, meu filho", que mamãe nos deu ao irmos para o trabalho; aquela lembrancinha de Natal que a vovó comprou, que era coisa tão simples porque seu dinheiro era pouco e os netos eram muitos; aquele nosso primeiro salário; aquela primeira lasanha "comível" que fizemos, por ocasião de uma visita; o dia em que nossa filha tocou um hino no órgão da igreja pela primeira vez, ou que ganhamos a primeira medalha de honra ao mérito; todos esses são pequenos instantes de felicidade, gotas de alegria numa vida humana!

O pôr-do-sol continuará acontecendo, e não ficará guardado até a sua aposentadoria. Pegue a mão de sua amada, de seus filhos, dos amigos, dos irmãos em Cristo, dos vizinhos, e desfrute de um ocaso. Fotografe a cena, mas faça-o primeiro dentro do coração, em gratidão. Isso tirará a banalidade de um rotineiro entardecer, transformando-o numa valiosa efeméride para toda a sua vida.

Afinal, a vida é mais que um simples final feliz.

"Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem. (Sl 128:2)

"Farta-nos de madrugada com a tua benignidade, para que nos regozijemos, e nos alegremos todos os nossos dias." (Sl 90:14)

Pr. Wagner Antonio de Araújo, em 30/07/2007

Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP - www.uniaonet.com/bnovas.htm

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Baixou a bizarrice de quatro!

Agora a loucura baixou de vez! A falta da Palavra de Deus como ÚNICA REGRA DE FÉ E PRÁTICA só dá nestas bizarrices de "unção". Desta vez a Ana Paula Valadão resolveu soltar a franga e ficou de quatro para encenar que estava recebendo a "unção do leão"! (Não lembro em que livro e capítulo a Bíblia ensina isto, alguém poderia me refrescar a memória?). Se alguém se interessar, a Ana Paula deu a sua interpretação a respeito da sua experiência mística.

Mas, como para essa turma pentecostal a Bíblia não é referência de autoridade, o que conta é a EXPERIÊNCIA. Qualquer oposição à estas loucuras e bizarrices, atribuídas insanamente ao Espírito Santo, são tidas como menos espiritual e falta de amooorrrrrrrr!!! E, como este povo não gosta de pensar [haja as cãibras entre as orelhas] e preferem apenas SENTIR, levam tudo para o subjetivismo ilimitado se defendendo com a irresponsável frase: "quem sou eu prá julgar?" A Escritura corretamente interpretada [por qualquer cristão] deve julgar o que é certo ou errado, como o que é sã doutrina e heresia advinda da ignorância, carnalidade, ou até ensino de demônios! Temos o DEVER de julgar à luz da Escritura Sagrada. Misericórdia quero e não o sacrifício de mente. Ele é o Espírito de sabedoria, não de comportamentos esquizofrênicos.

BASTA DE BIZARRICE EM NOME DO ESPÍRITO SANTO!!!!!!!!! Negar a obra do Espírito é perigoso, mas atribuir loucuras e bizarrices à Ele, é blasfêmia! Insanidade tem que ter limite. Chega de inclinar-se diante do trono da loucura.

Rev. Ewerton B. Tokashiki - http://doutrinacalvinista.blogspot.com

www.drogaespiritual.pilb.t5.com.br

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Morte de Dona Reunião de Oração

Morte de Dona Reunião de Oração

Faleceu, na Igreja dos Negligentes e Frios na Fé, dona "Reunião de Oração", que já estava enferma desde os primeiros séculos da era cristã. Foi proprietária de grandes avivamentos bíblicos e de grande poder e influência no passado.

Os médicos constataram que sua doença foi motivada pela "frieza de coração". Constataram ainda: "dureza de coração e de joelhos"; os quais não se dobravam mais, ainda diagnosticaram "fraqueza de ânimo" e muita "falta de tempo e de boa vontade".

A Dona Reunião de Oração foi medicada, mas erroneamente, pois lhe deram doses em grande quantidade de medicamentos errados, tais como: "administração de empresa e organização exagerada para reavivá-la", mudando-lhe o regime, mas isso não adiantou de nada. Deram-lhe também "xarope de reuniões sociais" o qual a sufocou. Ainda medicaram injeções regulares de "competições esportivas", o que provocou má circulação nas veias das amizades e artérias dos relacionamentos, provocando alguns males da carne tais como: "rivalidades e ciúmes", principalmente, entre os jovens. Administraram-lhe muitos tabletes de "acampamentos", e comprimidos de "clubes de campos", durante os quais ela deveria ficar de repouso, sem participar dos mesmos. Deram-lhe também para tomar muitas cápsulas de "gincana bíblica", mas apenas para lhe diminuir as dores da morte.

Resultado: Morreu Dona "Reunião de Oração!" A autópsia revelou: falta de alimentação apropriada com "O Pão da Vida", carência urgentíssima de líquido santo ("A Água Viva"), ausência quase total de limpeza e eliminação dos males que estavam em seu corpo através de "choro e lágrimas de arrependimento".

Dona Reunião de Oração freqüentava a Igreja dos Negligentes, situada à Rua do Mundanismo, número 666. Após a morte da Dona Reunião de oração, a liderança da Igreja dos Negligentes resolveu que os cultos de meio de semana não existirão mais. Resolveu também que aos domingos, haverá cultos somente pela manhã, assim mesmo quando não houver feriados prolongados nos finais de semana, pois seus membros darão prioridade às suas agendas pessoais. Ao final de contas, Dona Reunião de Oração, já não existe mais para "importuná-los".

(desconheço o autor)

www.pilb.t5.com.br

 

A teologia do ôba-ôba

A teologia do ôba-ôba

Atualmente em nossa denominação (falo como evangélico batista), temos enfrentado um problema que ao meu ver não é somente entre os batistas que está acontecendo, trata-se da intitulada por mim: teologia do ôba-ôba. Por que esse nome? Lembro-me, anos atrás, sem ser saudosista, que a Teologia era considerada a "rainha das ciências" e que seu cabedal de conhecimento era invejado e admirado pelos círculos acadêmicos. Pois bem, com o advento da pós-modernidade, com o neo-liberalismo e as correntes filosóficas que marcaram o fim do século XX e início do XXI, a Teologia passou a ser desconsiderada pelos que deveriam ser os mais preocupados com ela: os círculos eclesiásticos. Esses, parecem haver dispensado o conhecimento e as convicções adquiridos em anos de pensamentos e esforços, para rapidamente se colocarem numa posição de conformidade e apatia em relação ao pensamento teológico. Essa posição apática resultou no que vem a ser essa malfadada teologia com letra minúscula. Começa-se por se permitir chamar a nossa época de "pós-cristã". Essa classificação demonstra muito bem o pensamento atual da sociedade em relação às coisas de Deus. A Igreja, ante tal posição, se cala e não reage. A relatividade do comportamento e das convicções dos cristãos, a busca de soluções imediatistas que transformam as igrejas em "supermercados religiosos", que oferecem a elas o que necessitam: palavras de prosperidade e "restituição", baseadas em um evangelho espúrio, ligth, sem maiores comprometimentos e destituídos de significado bíblico.

Ainda dentro de tal consideração, vemos que o evangelho do ôba-ôba tem produzido "celebridades gospel", verdadeiros figurões que se colocam acima das outras pessoas e se consideram superstars. Cobram fábulas para se apresentarem em eventos e apresentam algo que agradará às massas, mas Deus, esse, coitado, deve ser o último da lista. São realizadas atividades para agradar aos homens e aonde Deus é somente um "espectador-de-cadeira-atrás-da-coluna-no-fundo-da-sala".

Se nós perguntarmos para os adeptos dessa corrente de pensamento quais são as suas posições teológicas em relação a Deus, Jesus Cristo e ao Espírito Santo, posso garantir que a maioria não saberá dizer nada a respeito disso. Pergunte-lhes o que é Igreja, pecado, queda do homem, depravação total do gênero humano, salvação, etc. Tenho a mais absoluta certeza que a esmagadora maioria ficara de boca aberta e nada responderá por que não sabem. Pergunte agora a eles o que é "adoração profética", "adoração extravagante", "unção profética", "dança profética", "restituição", "altar", "aliança" e "prosperidade". Certamente responderão distorcendo palavras da Bíblia ou com chavões. Os seus profetas e líderes não se preocupam em aprofundar-se em estudos das Escrituras porque "Deus dá entendimento e sabedoria", "dá unção profética" e coisas desse tipo, como desculpas para não serem atacados pela própria Palavra que alegam anunciar. Se pedir a Jesus que me "dê de volta o que é meu", temo receber todo o meu pecado de volta, a cruz, chibatadas, coroa de espinhos e outras coisas horríveis que, decerto, me pertenciam, e não a Ele.

Ainda dentro deste assunto, a teologia do ôba-ôba não tem perspectiva histórica ou escatológica. O seu alvo é o presente, o hedonismo é seu instrumento e a retórica a sua arma. Nada do que oferece é plausível. E os evangélicos históricos ainda se permitem participar dessa teologia humanista e rasa ao cantarem os cânticos sem perceber o sentido de sua mensagem ou usarem os mesmos chavões e quererem introduzir em suas igreja os mesmos costumes sob os olhares complacentes de suas lideranças.

Quero afirmar e manifestar o meu repúdio a essa corrente "teológica" e reafirmar o meu compromisso com a Revelação Verdadeira contida nas Escrituras Sagradas e exigida por Deus para a Sua Igreja. A graça de Deus não é barata e se resume a mãos levantadas, pula-pula, paletós, sopros, "trenzinhos" e coisas desse tipo. Sejamos sérios e ortodoxamente bíblicos. Se ser bíblico é ser fechado e conservador, eu continuo assim, apesar de ser relativamente jovem, mas para o meu Deus, quero oferecer o melhor, tanto da minha vida como do meu racional.

Deus nos abençoe e nos faça refletir na seriedade de sua revelação.

Gilmar Duarte

www.drogaespiritual.pilb.t5.com.br

 

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Ainda sou do Tempo

Ainda sou do Tempo

Ainda sou do tempo em que ser crente era motivo de criticas e perseguições. Nós não éramos muitos, e geralmente éramos considerados ignorantes, analfabetos, massa de manobra ou gente de segunda categoria. Os colegas da escola nos marginalizavam. Os patrões zombavam de nós. A sociedade criticava um povo que cria num Deus moral, ético, decente, que fazia de seus seguidores pessoas diferentes, amorosas, verdadeiras e puras. Não era fácil. Mas nós sobrevivemos e vencemos. Sinto falta daquela perseguição, pois ela denunciava que a nossa luz era de qualidade, e ofuscava a visão conturbada de quem não era liberto. E, por causa dessa luz, muitos incrédulos foram conduzidos ao arrependimento e à salvação. Mas hoje é diferente.

Ainda sou do tempo em que os crentes não tinham imagens em suas casas, em seus carros ou como adereços de seus corpos. Nós não tatuávamos os nossos corpos e nem colocávamos "piercings" em nossa pele. Criamos que os nossos corpos eram sacrifícios ao Senhor, e que não nos era lícito maculá-los com os sinais de um mundo decadente, um deus mundano e uma cultura corrompida. Dizíamos que tatuar o corpo era pecado. Não tínhamos objetos de culto em nossas igrejas. Aliás, esse era um de nossos diferenciais: nós éramos aqueles que não admitiam imagens em lugar algum. Mas hoje é diferente.

Ainda sou do tempo em que pornografia era pecado. Nós não considerávamos fotos eróticas ou filmes pornô um "trabalho profissional", mas uma prostituição do próprio corpo e uma corrupção moral. Ao nos convertermos, convertíamos também os nossos olhos, e abandonávamos as revistas pornográficas, os cinemas de prostituição e os teatros corrompidos. Os que eram adúlteros se arrependiam e pagavam o preço do que fizeram, e começavam vida nova. Os promíscuos mudavam seu comportamento e tornavam-se santos em todo o seu procedimento. Nós, os adolescentes, deixávamos os namoros e os relacionamentos orientados pelos filmes mundanos, e primávamos por ser como José do Egito, que foi puro, ou o apóstolo Paulo, que foi decente. Mas hoje é diferente.

Ainda sou do tempo em que nos vestíamos adequadamente para o culto. Aliás, além do nosso testemunho moral, nós nos identificávamos pelas roupas. Se pentecostais, usávamos roupas sociais bastante formais, e éramos conhecidos aonde quer que íamos, pois ninguém mais se vestia tão formalmente assim em pleno domingo à tarde. Se de outras denominações, como eu, não chegávamos a esse extremo, mas nos trajávamos socialmente, com o melhor que tínhamos, dentro de nossas possibilidades, porque críamos que, se íamos prestar um culto a Deus, a ocasião nos exigia o melhor, e buscávamos dar o melhor para Deus. Era a famosa "roupa de missa", "roupa de igreja". Mesmo pobres, tínhamos o melhor para Deus. E sempre algo decente: camisas sociais, calças bem passadas, um sapato melhor conservado, um blaizer ou uma blusa bem alinhada. As mulheres usavam seus melhores vestidos, suas melhores saias e seus conjuntos mais femininos. Mas hoje é diferente.

Ainda sou do tempo em que nossos hinos falavam de Cristo e da salvação. Cantávamos muito, e nossas músicas não eram tão complexas como as de hoje. Mas todos acabávamos por decorá-las. Suas mensagens eram simples e evangelísticas: "foi na cruz, foi na cruz", "andam procurando a razão de viver"; "Porque Ele vive, posso crer no amanhã", "Feliz serás, jamais verás tua vida em pranto se findar", "O Senhor da ceifa está chamando"; "Jesus, Senhor, me achego a ti", "Santo Espírito, enche a minha vida", "Foi Cristo quem me salvou, quebrou as cadeias e me libertou", etc. Não copiávamos os "hits" estrangeiros, ou as danças mundanas, mas buscávamos algo clássico, alegre, porém, solene. E dançar o louvor? Jamais! Não ousávamos, nem queríamos; nunca soubéramos que o louvor era "dançante"; as danças deixamos em nossas velhas vidas mundanas. Porém, mesmo não as tendo, éramos alegres e motivados. Mas hoje é diferente.

Ainda sou do tempo em que as denominações e igrejas tinham personalidade. As denominações eram poucas e bastante homogêneas. Sabíamos que a Assembléia de Deus era pentecostal e usava indumentária formal; os presbiterianos eram os melhores coristas que existiam; os adventistas tinham uma fé estranha, numa profetiza semi-contemporânea, mas tinham os melhores quartetos masculinos; os melhores solistas eram batistas, etc. Nossas liturgias eram bastante diferentes: os conservadores eram formais, seus cultos silenciosos, enquanto um orava, os outros diziam amém. Já os pentecostais oravam todos ao mesmo tempo e cantavam a Harpa Cristã. Nós nos considerávamos irmãos, não há dúvida. Mas tínhamos personalidade. Hoje tudo é diferente.

E eu não sou velho! Isso tudo não tem 26 anos ainda! Na década de 80 ser crente era ser assim! Meu Deus, como o mundo mudou! Como a chamada Igreja evangélica se deteriorou! Hoje eu Sinto vergonha de ser considerado evangélico!

Hoje é moda ser crente, ou melhor, "gospel". Você é artista pornô, mas é crente. Você é do forró pé-de-serra, mas é crente. Você é ladrão, mas é crente Você é homossexual assumido, mas é crente. Não importa a profissão, o comportamento, a moral, a índole, ser crente é apenas um detalhe. Aliás, dá cartaz ser crente: hoje muitos cantores "viram crentes" pra vender seus cds encalhados, pois o "povo de Deus" compra qualquer coisa. Não há diferença entre o santo e o profano, o consagrado e o amaldiçoado, o lícito e o proibido, o justo e o injusto. Qualquer coisa serve. O púlpito pode ser uma prancha de surf; uma cama de motel ou um palanque eleitoral; a forma não importa. Ser crente é apenas um detalhe, uma simples nomenclatura religiosa.

Hoje os crentes tatuam as suas peles, mesmo sabendo que a Bíblia condena o uso de símbolos e marcas no corpo de quem se consagra a Deus. Criamos nosso próprios símbolos, nossos próprios estigmas e nossas próprias tribos. Hoje há denominações que dão opções de símbolos para que seus jovens se tatuem. O "piercing" deixou de ser pecado, e passou a ser "fashion", e está pendurado na pele flácida de roqueiros evangélicos e "levitas" das igrejas, maculando a pureza de um corpo dedicado ao Deus libertador. Mulheres há que enchem seus umbigos e outras partes de pequenas ferragens, repletas de vaidade e erotismo mundano, destruildo, assim, qualquer padrão cristão de consagração corporal. Meninos tingem seus cabelos de laranja, e mocinhas destróem seus rostos com produtos, pois agora todo mundo faz, e "Deus não olha a aparência". (Ainda bem, pois se olhasse, teria ânsia de vômito...)

Hoje ir á igreja é como ir ao mercado ou às barracas de feira e de artesanato: um evento efêmero, informal, meramente turístico. Não há mais cuidado algum no trajo cultuante, Rapazes vão de bermudas, calções (e, pasmem os senhores, de sungas!), até sem camisa, porque Deus não é "bitolado, babaca ou retrógrado". Garotas usam suas minissaias dos "rebeldes" e exibem umbigos cheios de "piercings", estrelinhas e purpurinas pingando dos cabelos e roupas, numa passarela contínua do modismo eclesiástico. Se alguém ainda vai modestamente ao culto, seja jovem, seja velho, ou é "novo convertido", ou é "beato". É típico encontrarmos pastores dizendo aos "engravatados": "pra que isso, irmão? Vai fazer exame laboratorial?" E, continuamente, vão demolindo qualquer alicerce de reverência e solenidade para o ato do culto.

Hoje as nossas músicas pouco falam de Cristo. Somos bitolados por um amontoado de "glórias", "aleluias", "no trono", "te exaltamos", "o teu poder", etc. Misturamos essas expressões, colocamos uma pitada de emoções, imitamos os ícones dos megaeventos de louvores, e gravamos o nosso próprio cd, que, de diferente, tem a capa e o timbre de algumas vozes, talvez alguns instrumentos, mas, no mais, não passam de cópias das cópias das cópias. E Jesus? Ah, quase nunca o mencionamos, e, quando o fazemos, não apresentamos qualquer noção do que Ele é ou representa para o nosso louvor. Não falamos mais que Ele é o caminho, a verdade e a vida, não o apresentamos como Senhor e Salvador, não informamos ao ouvinte o que se deve fazer para tê-lo no coração, apenas citamos seu nome ou dizemos um aleluia para ele.

Hoje, entrar em uma igreja é como ter entrado em todas: é tudo igual. O mesmo sistema, as mesmas cantorias, a sequência de eventos, os rituais emocionais, as pregações da prosperidade, de libertação de maldições ou de megassonhos "de Deus" (como se Deus precisasse sonhar, como se fosse impotente ou dependente da vontade humana). Transformamos nossas igrejas em filiais de uma matriz que não sabemos nem aonde fica, mas que se representa nas comunidades da moda. Não há mais corais, não há mais solistas, não há mais escolas dominicais fortes, não há mais denominações com características sólidas, não há mais nada. Tudo é a mesma coisa: uma hora e meia de "louvor", meia hora de "ofertas" e quinze minutos de "pregação", ou meia hora de "palavra profética e apostólica". Que desgraça!

Hoje trouxemos os ídolos de volta aos templos: são castiçais, bandeiras de Israel, candelabros, reproduções de peças do tabernáculo do velho testamento, bugigangas e quinquilharias que vendemos, similares aos escapulários católicos que tanto criticávamos. Hoje não nos atemos a uma cruz sem Cristo, simbólica apenas. Hoje temos anjinhos, Moisés abrindo o Mar Vermelho, Cristo no sermão da Montanha. O que nos falta ainda? Nossas Bíblias, para serem boas, têm que ser do "Pastor fulano", com dicas de moda, culinária, negócios e guia turístico. Hoje temos bíblias para mulheres, para homens, para crianças, para jovens, para velhos, só falta inventarmos a bíblia gay, a bíblia erótica, a bíblia do ladrão, a bíblia do desviado. Bíblias puras não prestam mais. E, mesmo tendo essas Bíblias direcionadas, QUASE NINGUÉM AS LÊ! Trazemos rosas para consagrar, rosas murchas para abençoar e virar incenso em casa, sal groso para purificar, arruda para encantar, folhas de oliveira de Israel e água do Rio Jordão (Tietê?) para abençoar, vara de Arão, de Moisés, e sabe lá de quem mais! Voltamos às origem idólatras! Parece o povo de Israel, que, ao morrer um rei justo, emporcalhavam o país com suas idolatrias e prostitutas cultuais. E se alguém ousa ser autêntico, é taxado de retrógrado. Com isso, surgem os terríveis fundamentalistas, que abominam tudo, ou os neopentecostais, que são capazes de transformar a igreja num circo, fazendo o povo rir sem parar ou grunir como animais.

Meu Deus, o que será daqui há alguns anos? Será que teremos que inventar um nome novo para ser evangélico à moda antiga? Parece que batista, assembleiano, presbiteriano, luterano ou metodista não define muita coisa mais! Será que ainda haverá púlpitos que prestem, pastores que pastoreiem, louvores que louvem a Deus? Será que seremos obrigados a usar "piercing" para nos filiarmos a alguma igreja? Será que nossos cultos serão naturistas? Será que ainda haverá Deus em nosso sistema religioso?

É CLARO QUE HÁ EXCEÇÕES! E eu bendigo a Deus porque tenho lutado para ser uma dessas exceções. É claro que o meu querido leitor, pastor, louvador, membro de igreja, missionário, também tem buscado ser exceção. Mas eu não podia deixar de denunciar essa bagunça toda, esse frenesi maligno, esse fogo estranho no altar de Deus! Quando vejo colegas cuspindo no povo, para abençoá-los, quando vejo pastores dizendo ao Espírito Santo "pega! pega! pega!", como se fosse um cachorrinho, quando vejo pastores arrancando miúdos de boi da barriga dos incautos doentes que a eles se submetem, quando vejo um evangelho podre arrastando milhões, quando vejo colegas cobrando dez mil reais mais o hotel, ou metade da oferta da noite, para pregar o evangelho, então eu me humilho diante de Deus, e digo: "Senhor, me protege, não me deixa ser assim!"

Que Deus tenha piedade de nós.

Wagner Antonio de Araújo lBBoas Novas de Osasco, SP

www.drogaespiritual.pilb.t5.com.br

 

A Bíblia só foi traduzida para 2.426 das 7 mil existentes línguas faladas no mundo.
Precisamos nos apaixonar novamente pelas Sagradas Escrituras!

Siga por Email

Cadastre seu email

Delivered by FeedBurner

Seguidores