sábado, 13 de agosto de 2011

O pastoreio sacerdotal do pai cristão

Considero ser pai, a tarefa mais difícil da terra. O pai é diferente da mãe. A mãe sente seu filho no ventre, sente-o crescer, sente as suas pulsações, o pai não. A criança nasce e sua afeição inicial está intrinsecamente ligada a vida da mãe.

Ela é a protetora, a provedora dessa criança, ainda tão indefesa. O pai observa tudo isto, compartilha de toda essa graça, mas ainda não se sente pai, até aquele dia que ouve dos lábios do filho gerado, a palavra "pai", ser chamado de pai.

O pai cristão tem a responsabilidade de formar crianças à imagem de Cristo Jesus. O pai deve modelar para o filho o Senhor Jesus Cristo, para que o filho siga os seus caminhos.

Podemos chamar isso "o sacerdócio do pai" ou talvez "o pastoreio do pai". Todo pai é um "pastor" do rebanho que Deus lhe concedeu.

É interessante traçar os paralelos entre o papel do pastor e o papel dos pais. Vejo pelo menos três responsabilidades paralelas entre os dois:

I. O pai sacerdote devem conduzir seus filhos a Deus (Intercessão)

Segundo Atos 6:2,4, uma das primeiras grandes responsabilidades do líder espiritual é a oração. Os pais que oram por seus filhos providenciam alguma forma de proteção para eles contra as doenças do pecado. O pai intercessor ergue paredes de proteção ao redor de seu filho, preocupando-se com seu bem estar, seu relacionamento com o Senhor, pecado, etc.

O pai que ora continuamente pelos filhos certamente agirá também para protegê-los contra o pecado.

Mas como orar pelos filhos? Gostaria de sugerir um esboço muito simples que serve como guia na minha oração pelos meus seis filhos.

Os pais cristãos deve orar por pelo menos cada uma destas áreas:

a) Caráter dos filho (o fruto do Espírito, Gl 5:22 junto com a compreensão da sua identidade como filhos de Deus em Cristo, Ef 1:15-23,3:14-21)

b) Carreira (orar ao Senhor da seará que use meus filhos para expandir Seu Reino no mundo - Lc 10:2)

c) Casamento (orar que Deus direcione meu filho ao cônjuge com quem compartilhará sua chamada para o resto da vida)

O pai sacerdote intercede pelos seus filhos. Mas assim como o pastor, que se dedica à oração e ao ministério da Palavra, o pai sacerdote também se preocupa com o ensino de seus filhos.

II. O pai pastor deve apresentar Deus aos seus filhos (instrução)

O pai pastor está sempre ensinando seus filhos pelas palavras, pelas ações e pelas atitudes. É impossível escapar do olhar destas pequenas ovelhas, que admiram tanto seus "pastores". Sempre estamos transmitindo o que somos para elas. Com tempo, os filhos se tornam o que os pais são. Por isso o "pai sacerdote" tem que reconhecer que ele é um "pai professor", sempre instruindo seus filhos e vacinando-os contra a doença que chamo "amnésia espiritual".

Amnésia espiritual é a doença que aflige os filhos de crentes que não se esforçam em transmitir sua fé para a próxima geração. É a memória de Deus apagada da vida de um filho pela negligência dos pais. Em Dt 6:6-9, nos lemos: "Estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas."

Conforme estes versículos, o pai pastor (instrutor) aproveita toda oportunidade para ensinar seus filhos os valores e princípios bíblicos transmitidos pelo Supremo Pastor. Ensina a Palavra formalmente e informalmente, propositalmente e espontaneamente, em todo lugar e em qualquer lugar, em todo tempo e o tempo todo. Não é um fanaticismo evangélico mas um estilo de vida que avalia toda a vida por uma perspectiva bíblia. "O pai que ama Deus de todo coração, transmite sua fé à outra geração!"

III.O pai pastor deve disciplinar os seus filhos (Intervenção)

A última responsabilidade do "pai-pastor" segue naturalmente as primeiras duas. Provérbios 22:6 chama o pai para "ensinar a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele." Junto com este texto, Efésios 6:4 chama os pais (o termo "pais" designa especificamente homens) a "não provocar seus filhos à ira, mas criá-los na admoestação e na disciplina do Senhor." Assim como o pastor de rebanho vai atrás de ovelhas desgarradas e às vezes precisa discipliná-las, para que evitem perigos maiores longe do aprisco, os pais precisam intervir na vida dos seus filhos com disciplina equilibrada.

O equilíbrio entre instrução e intervenção ou seja, disciplina, pode ser entendida por meio de uma analogia. O pai vai na frente do seu filho como alguém que quer cavar uma trilha ou valeta em que o filho pode caminhar. No início, a valeta está muito rasa, e o filho pode sair dela com facilidade. Quando isso acontece, o pai coloca seu filho de volta na trilha cavada com firmeza e amor. Com o passar de tempo, a valeta fica cada vez mais funda, e o filho só poderá escapar dela com grande esforço. Quando isso acontece, o papai o coloca dentro do caminho de novo. Depois de 18 anos, a trilha deve ser tão profunda, que o filho teria que chamar o corpo de bombeiros e uma escadona para sair do caminho do Senhor. É possível, mas não muito provável.

O pai que realmente ama seu filho precisa intervir quando este deixa o caminho da instrução. Provérbios recomenda o uso da vara, uma consequência artificial mas estruturada pelos pais, para desviar os filhos do pecado. Deve ser aplicada com força suficiente para arder mas nunca ferir a criança. Assim o pai ajuda seu filho a associar o pecado com dor, assim evitando conseguências muito piores no futuro, proporcionadas pela própria vida.

Muitos anos atrás, resolvi seguir meu caminho, com 9 anos de idade, decidi não ir a Igreja, abandonar os meus padrões cristãos, e não seguir a fé e a doutrina ensina por meu pai. No domingo pela manhã preparei-me para a tão esperada pesca. De posse da minha vara de pescar, fui para o rio, naquela época com muita água, ali na cidade de Mantena-MG. Estava tranquilho pescando, quando senti a dor de uma varada nas costas, era o meu pai. Pegou-me pelo braço e me arrastou até a minha casa, fez vestir a roupa dominical e fui arrastado para igreja. Ele me falou-me as seguintes palavra: "Hoje não entendes o que faço, mas amanhã compreenderás e nunca esquecerás desse ato". Dou graças a Deus por aquele momento, pelo cuidado e pela disciplina aplicada, que com certeza fez com que permanecesse fiel nos caminhos do Senhor.

Pai, não posso pensar em presente maior que você possa dar a seu filho do que ser um exemplo de seriedade e reverência para com Deus em sua vida. Caminhando com o Senhor, será um referencial inesquecível que ajudará a construir o caráter de seu filho. Você não será perfeito, pois por definição somos imperfeitos, mas a integridade de reconhecer um erro e pedir perdão deverá ser uma marca do pai cristão.

E assim, juntos, pais e filhos procurando conhecer a vontade de Deus para nosso relacionamento, teremos muito mais chances de acertar!

Soli Deo Glória

Rev. Ashbell Simonton Rédua

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