domingo, 27 de maio de 2012

O presente do Evangelho

Jason sentou à minha frente com a cabeça baixa e os ombros largados, características de um homem confuso e desapontado. Não é que a vida de Jason fosse uma triste narrativa de sofrimento pessoal. Claro, ele já havia enfrentado situações difíceis, mas foram apenas situações típicas que são enfrentadas quando se vive em um mundo perturbado pelo pecado. Não é como que Jason fosse alienado e sem amigos. Ele estava cercado por um grupo de amigos menos que perfeitos, mas ainda assim muito fiéis. Não é como se Jason fosse pobre ou sem teto. Não, ele tinha um emprego comum e uma casa razoável.

O problema de Jason é que ele estava perdido em meio à sua própria fé. Estava cada vez mais difícil para ele conectar a beleza do que acreditava com as realidades duras e muitas vezes difíceis de sua vida diária. O problema de Jason é que ele carregava consigo um evangelho que tinha um grande furo bem no meio.

Jason saberia te explicar o que significava dizer que ele havia sido "salvo pela graça", e ele sabia que passaria toda a eternidade com seu Salvador. O problema era o presente, o aqui e o agora. Dia após dia, situação após situação e relacionamento após relacionamento, Jason não levava consigo o sentido prático e vibrante do presente da graça de Jesus Cristo. Sim, Jason acreditava na vida após a morte, mas ele precisava desesperadamente entender a vida antes da morte; aquele tipo radical de vida que você vive quando entende o que Cristo te deu, a vida para qual ele te chamou para viver aqui e agora.

Deixe-me sugerir quatro aspectos críticos do presente do evangelho (existem mais) para os quais Jason parecia estar cego.

1. A Graça vai destruir o que você pensa de si mesmo, enquanto te dá uma segurança quanto à identidade que você nunca teve. A graça vai expor o seu pecado, mas não te deixará sem identidade. A graça libertou Jason, mas ele não sabia disso, ou não vivia como se soubesse. Não só ele havia sido perdoado e capacitado, mas agora ele também tinha uma nova identidade. Jason estava livre de buscar em si mesmo a sua identidade. Ele não precisava mais manter um histórico de erros e acertos, ou do tamanho dos problemas que enfrentava.

Seu potencial era tão grande quanto a graça de Cristo. Ele estava livre de buscar em seu exterior a sua identidade. Ele não precisava mais buscar uma identidade nos relacionamentos, posses ou aquisições. Jason estava livre de procurar horizontalmente o que já havia recebido verticalmente.

Sua identidade não estava mais embasada no que ele poderia merecer ou alcançar, mas no que ele havia recebido de Cristo. O problema era ele não saber disso, então vivia em uma constante busca por significado e propósito, procurando por identidade em coisas onde jamais poderia encontrar.

2. A graça vai expor os pecados mais profundos do seu coração, mas cada falha sua com o sangue de Jesus. Jason não precisava mais inventar desculpas, negar, racionalizar ou minimizar seu pecado. Ele não precisava mais exercitar seu advogado interior quando alguém apontava algum erro seu. Por causa da cruz de Jesus, Jason podia admitir sua fraqueza e seu fracasso perante um Deus santo e não ter medo disso. E se um Deus santo havia lhe aceitado como ele era, por que Jason iria temer a opinião dos outros?

Jesus tomou sobre si a rejeição destinada a Jason para que ele não precisasse ver Deus pelas costas. A graça libertou Jason da necessidade de provar para Deus, para si mesmo e para os outros a sua justiça. A esperança e a segurança de Jason não estavam mais em sua própria justiça, mas na justiça dada a ele por meio de Cristo. O problema é que ele não sabia disso, então oscilava entre o medo e o orgulho, vivendo de desculpas auto-justificantes e de defender-se perante os outros.

3. A graça te faz perceber o quanto você é fraco, enquanto te abençoa com um poder além da sua imaginação. A graça de fato requer que você admita o quão fraco você é, mas ela não te deixa aí. A cruz não apenas lida com a culpa do pecado, mas com a própria capacidade de pecar ou não. Nesse mundo destruído cheio de dificuldades e constantes tentações, Jason se sentia fraco e despreparado, e assim vivia mais com medo e se escondendo do que esperançoso e com coragem.

Jason não apenas recebeu perdão, ele foi cheio de poder; poder além da sua imaginação (Efésios 3.20,21). O problema é que Jason não sabia disso, então ele sucumbia às coisas que ele tinha poder para vencer e evitava coisas que ele tinha o poder para conquistar.

4. A graça vai tirar o controle de suas mãos, enquanto te abençoa com o cuidado dAquele cujos planos não mudam e são totalmente perfeitos. Jason tinha algum tipo de crença distante na soberania de Deus, mas de uma forma totalmente afastada de sua vida diária. Ele vivia como se não tivesse a mínima idéia de que Jesus estava sobre controle de todas as coisas para o seu bem (Efésios 1.20-23). Assim, Jason estava constantemente tendo que lidar com a frustração de tentar controlar pessoas e outras coisas sobre as quais tinha pouco ou nenhum poder para fazê-lo.

Ele gastava muito tempo calculando os "e se?" e se remoendo pelos "talvez se". Ele parecia não saber que sua segurança e descanso não seria encontrados em sua habilidade de prever o futuro e controlar o presente, mas no amor fiel e na grande sabedoria de seu Salvador soberano, Jesus, logo, sua vida era muito mais de ansiedade do que de descanso.

Como você pode ver, Jason não precisava de mais graça. Não, ele apenas precisava entender e viver sob a luz da graça que ele já havia recebido.  Jason estava com amnésia da graça, e assim vivia como se fosse pobre, quando a graça já o havia feito excepcionalmente rico. Ele vivia como se fosse fraco, quando a graça o havia feito forte. Ele vivia como se a vida não tivesse um plano, quando ele já havia sido incluído nos planos inalteráveis do Deus da graça redentora.

Jason carregava um evangelho com um imenso buraco bem no meio e, por causa disso, não vivia a liberdade, a beleza e a segurança que já havia recebido aqui e agora. E você?

Paul Tripp (traduzido por Filipe Schulz)

sábado, 19 de maio de 2012

Educando suas crianças no poder do Evangelho

"Eu sinto que estou criando pequenos hipócritas". Muitos pais temem que seus filhos, uma vez que lhes ensinaram formas adequadas de  comportamento, crescerão como crianças bem comportadas, mas sem o senso da necessidade da graça.

O problema da hipocrisia é maior em lares  que enfatizam o comportamento ao invés do coração. Se o foco da disciplina e da correção é a mudança de comportamento, você perderá o coração. Essa abordagem faz com que o problema esteja no que eu faço, não no que eu sou.

De acordo com a Bíblia, o problema que temos é mais profundo que isso. O problema não está no que eu e você ou seus filhos fazem de errado. O problema não é que nós / eles mentem ou invejam, ou desobedecem. O problema é que você, seus filhos e eu somos mentirosos, invejosos; somos desobedientes.

Pergunte a si mesmo: Um homem é um ladrão porque ele rouba, ou ele rouba porque ele é um ladrão? Ele é um mentiroso porque ele mente, ou ele mente porque é um mentiroso? A resposta da Bíblia é que ele rouba porque ele é um ladrão, mente por ser um mentiroso, desobedece por ser desobediente. Este é o testemunho da Bíblia. "Desde o nascimento os ímpios se desviam, desde o ventre são rebeldes e falam mentiras." (Salmo 58.3).

Alguém, às vezes, poderá perguntar: "Que tal abordar o comportamento que está errado dizendo-lhes para fazer melhor. Isso não faria parte de ser um bom pai?" A resposta, claro, é que tratar o coração não significa que você não tratará o comportamento, isso apenas lhe diz como abordar com o comportamento. Uma vez que o comportamento é o motivado pelo coração, eu tenho de  falar do comportamento de forma que foque a mudança do coração e não simplesmente a mudança de comportamento.

Esta verdade pode ajudá-lo a manter o centro  do evangelho na correção e disciplina. Você deve ajudar seus filhos a ver os problemas ocultos do coração que estão por trás das coisas erradas que eles fazem. Você terá conversas como esta:

- Filhinho, você sabe que eu estou preocupado que você mentiu para mim. Dizer a verdade é algo que é muito importante nas relações humanas. Se você não pode confiar em mim e eu não posso confiar em você, nós não temos nenhuma cola para manter nossa relacionamento. Você entende o que estou dizendo?

- "Sim" -  ele diz, balançando a cabeça.

- Mas você sabe o que me preocupa ainda mais?

- Não.

- Minha maior preocupação com você é que você é justamente igual a mim. Nós mentimos porque achamos que contar uma mentira será melhor do que dizer a verdade. E, às vezes,  nós amamos mais a nós mesmos do que amamos a Deus. É por isso que contamos mentiras.

É por isso que Jesus veio. Se a nossa necessidade era de alguém nos dizer o que fazer, Deus apenas teria enviado um profeta. O problema que temos é tão grande que só saber o que devemos fazer não é suficiente. Precisamos de um Salvador do nosso pecado e precisamos de alguém que tenha poder para nos livrar.

Se você tiver uma criança precoce, a conversa poderia ser assim:

-  Você nunca contou uma mentira, papai?

- Bem, filhinho, há muitas maneiras de mentir. Podemos, às vezes, contar uma mentira fazendo alguém pensar algo sobre nós que não é verdade. Por isso, sim, às vezes, o papai conta uma mentira. Então, sabe o que eu preciso fazer?

- O quê?

- Eu preciso confessar o meu pecado a Deus. Deus diz que Ele vai nos perdoar. (1 João 1.9). E eu também tenho de pedir perdão a quem eu menti. E eu preciso pensar em quem eu estava amando mais do que Deus quando eu menti, e assim posso confessar esse pecado também. Sabe de uma coisa, filhinho? Eu preciso de Deus todos os dias, tanto quanto você. Eu preciso do Seu perdão. Eu preciso dEle para me mudar por dentro, e assim eu O amarei mais que tudo. Eu preciso de Seu poder para amá-Lo e aos outros mais do que eu me amo.

Cada oportunidade de corrigir o seu filho é uma oportunidade para confrontá-lo com a sua profunda necessidade de perdão e graça. Enquanto o comportamento for a sua prioridade você nunca terá espaço para compartilhar o que realmente importa: a esperança e o poder do evangelho. Se os seus filhos forem como cãezinhos adestrados eles se tornarão pequenos fariseus, limpos por fora e sujos por dentro.

Tedd Tripp (traduzido e gentilmente cedido por Charles Grimm)

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Onde o Céu começa

Li, no adesivo de um carro, uma frase muito interessante: "O céu começa em casa". Logo pensei: se para alguns "O Céu começa em casa", para outros é lá que o inferno tem início. Penso que um lar com Jesus é Céu, mas uma casa sem Ele é inferno.

A Bíblia diz que "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam..." (Salmos 127.1). Muitos querem edificar seus lares nas areias movediças da autossuficiência, de tradições familiares ou religiosas, do velho ou novo moralismo etc. Se esquecem de que todo esforço neste sentido é vão, e que somente é possível ter uma família equilibrada, sadia e firme diante das intempéries se ela estiver firmada na base sólida da Palavra de Deus.

A Bíblia é o manual para a formação de famílias saudáveis. Ela tem orientações para o esposo, a esposa, pais, filhos etc. Ela transmite valores eternos e quem fizer caso deles será bem sucedido. Podemos parafrasear assim o Salmo primeiro, versos 1, 2 e 3: "Bem-aventurada é a família que não vive segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite. Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará".

Sabemos que Satanás tem se esforçado para desfazer a Obra de Deus, e sua maior estratégia é destruir a família. Ele tenta afastar seus membros da presença de Deus, usando todos os meios possíveis, inclusive a mídia, para propagar valores invertidos. Traição, desobediência, rebeldia, desrespeito, inveja, ódio, violência, pornografia, ridicularização dos valores bíblicos, heterofobia, são apenas alguns ingredientes dos enredos de filmes, novelas e programas de auditórios da TV que entram nos lares e minam as colunas que dão firmeza às famílias. Às vezes de forma imperceptível, devagar, o pecado vai entrando e, quando se percebe, o estrago está feito.

Muitas lutas podem ser travadas nos lares, podendo ser motivadas por desvio dos cônjuges, brigas, consumo de álcool e drogas, consumismo, má administração do tempo, escassez de saúde, desemprego, falta de dinheiro etc. A família sem Jesus estará vulnerável a todas estas coisas, bem como propícia ao esfacelamento.

Se você quer que "O Céu comece em sua casa", precisa viver e ensinar os valores bíblicos em seu lar. Seus ensinos e seu exemplo terá papel poderoso e determinante na influência positiva da sua vida sobre os demais membros de sua família.

Pr. Cleber Montes Moreira

www.leiabiblia.webnode.com.br

domingo, 6 de maio de 2012

O Sangue da Aspersão

"Mas chegastes ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel." (Hb 12:22-24)

LEITOR: chegaste ao sangue da aspersão? A pergunta, não é, se tu chegaste ao conhecimento de doutrinas ou à observância de cerimónias, ou a certa forma de experiência, mas sim, se tu chegaste ao sangue de Jesus. O sangue de Jesus é a vida de toda a piedade vital. Se tu, na verdade, chegaste a Jesus, é porque o Espírito Santo amavelmente te conduziu ali. Chegaste ao sangue da aspersão sem méritos da tua parte. Culpado, perdido, desvalido, aproximaste-te para receber aquele sangue, e somente aquele sangue, como tua eterna esperança. Chegaste-te à cruz de Cristo, com um coração dorido e tremente; e, oh! Quão precioso foi ouvir a voz do sangue de Jesus. O gotejamento do Seu sangue é como a música do Céu para os filhos penitentes da terra. Nós estamos cheios de pecados, mas o Salvador manda-nos elevar os nossos olhos para Ele, e enquanto contemplemos as suas feridas sangrentas, cada gota de sangue que cai, clama: "Consumado é; terminei com o pecado; consegui justiça eterna." Oh linguagem maviosa do precioso sangue de Jesus! Se tu te chegaste ao sangue uma vez, tu chegar-te-ás constantemente a ele. A tua vida será: "Olhando para Jesus." A tua norma de conduta resumir-se-á nisto: "Para quem estou indo." Não para quem eu tenho ido, mas para quem eu sempre estou indo. Se tu tiveres ido alguma vez ao sangue da aspersão, sentirás necessidade de ir a ele todos os dias. Aquele que não deseja lavar-se nele todos os dias, é porque nunca foi lavado. O crente considera sempre um gozo e um privilegio o haver constantemente uma fonte aberta. As experiências passadas são para o Cristão alimento duvidoso; só uma presente vinda a Cristo nos pode dar gozo e consolação. Que nesta manhã asperjamos de novo os umbrais das nossas portas com sangue, e depois banqueteemo-nos com o Cordeiro, seguros de que o anjo destruidor nos passará ao lado.

C. H. Spurgeon (1834 - 1892)

A Bíblia só foi traduzida para 2.426 das 7 mil existentes línguas faladas no mundo.
Precisamos nos apaixonar novamente pelas Sagradas Escrituras!

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